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A Proteína na alimentação de Equinos

As proteínas são compostos orgânicos constituídos por Carbono, Hidrogênio, Oxigênio, Nitrogênio e Enxofre. Estes elementos unidos formam os diversos tipos de aminoácidos que irão se unir através de ligações peptídicas e compor as proteínas. Depois de ingeridas, as proteínas são quebradas, liberando os aminoácidos e produzindo amônia. Todas as proteínas são constituídas por 20 aminoácidos. O que muda é a seqüência e a quantidade de aminoácidos.

Existem dois tipos de aminoácidos: os Essenciais e os não Essenciais.

Os aminoácidos essenciais são aqueles que o organismo do animal não consegue sintetizar, sendo obtido somente através da alimentação. O simples fato de um aminoácido ser denominado Essencial, não significa que se deve buscar suplementar artificialmente todos os animais. Através do uso de dieta equilibrada, oriunda de matérias primas nobres, em quantidades adequadas, o animal terá disponível toda a gama de aminoácidos necessários para o funcionamento de seu organismo. Aminoácidos não essenciais são aqueles que o animal consegue disponibilizar ao organismo através da alimentação. As proteínas têm como função catálise enzimática, transporte e armazenamento, suporte mecânico, proteção imunológica, formação e transmissão do impulso nervoso e controle de crescimento e diferenciação celular. Historicamente, criou-se o conceito de que animal bem tratado deve ter alimentação rica em proteína, onde o fornecimento de alfafa e rações com teores de Proteína Bruta próximos a 15% seriam os ideais para o bom desempenho do eqüino. Em uma análise técnica, considerando-se individualmente cada categoria animal (potros, éguas em reprodução, garanhões, animais de trabalho ou em manutenção), sabemos que existem diferenças nas necessidades protéicas de cada categoria. O fornecimento de proteína é fundamental, devendo ocorrer de forma balanceada (sem deficiências nem excessos) de acordo com as exigências de cada animal.

Na verdade, o que mais importa em uma dieta, não são exatamente os valores protéicos, mas sim os valores de aminoácidos que compõem essa proteína. Em uma dieta equilibrada, composta de volumoso de boa qualidade e ração específica para o animal, com valores qualitativos e quantitativos adequados de proteína, em geral não é necessária uma suplementação extra de aminoácidos, exceto em casos onde haja uma exigência extremamente elevada, como é o caso de cavalos em atividade intensa e animais idosos, e ainda assim de alguns aminoácidos específicos. A quantidade de aminoácidos que um animal necessita, especificamente e isoladamente falando de cada aminoácido, somente foi determinada com relação à Lisina, não sendo, portanto, factível utilizar-se de determinado suplemento de aminoácidos afirmando-se que estamos suprindo as necessidades do animal por desconhecer quais as necessidades quantitativas para o animal.

Muitas vezes a suplementação com aminoácidos é eficiente, outras vezes nem tanto. Deve-se sempre, antes de tudo, equilibrar a dieta do animal. Após isso, se ainda sim o animal tiver necessidade de algum nutriente, pode-se, com o devido auxilio técnico especializado, proceder-se à administração de algum produto se o animal assim o exigir. Além da qualidade da Proteína, outro fator a ser levado em consideração, é sua quantidade. Todo animal deve ter um limite no teor de proteína em sua dieta. Um excesso de proteína na alimentação pode trazer problemas para o animal. Uma dieta balanceada deve considerar tudo o que se oferece ao animal, equilibrando-se o concentrado e o volumoso, além dos suplementos oferecidos ao animal. Especialmente para cavalos de esporte, um conceito fundamental é de que o Trabalho Muscular é condicionado ao fornecimento de Energia, e não de Proteína. Portanto, devemos limitar e mensurar corretamente os valores protéicos especialmente oferecidos a esta categoria. Quando ocorre o processo de digestão do alimento, com quebra da proteína para absorção dos aminoácidos ocorre a formação de um composto tóxico (amina) para o cavalo.

Em condições normais, este composto é naturalmente eliminado pela urina, através dos rins. Quando ocorre excesso de proteína na alimentação, ocorre um excesso deste componente tóxico que não vai conseguir ser eliminado através da urina indo para a circulação sangüínea. Isto pode ocasionar o chamado dismicrobismo, isto é, desenvolvimento de flora patogênica (prejudicial) pelo Intestino Grosso o que causará:

• Enterotoxemia: produção de toxinas no Intestino

• Problemas Hepáticos

• Emagrecimento do Animal

• Problemas Renais com urna abundante

• Má recuperação após o esforço: mais facilmente observado em cavalos de esporte, com atividade física regular

• Problemas de fertilidade em garanhões: queda na espermatogênese (processo de produção de espermatozóides)

• Transpiração Excessiva: em alguns animais é facilmente observado através do suor “espumante”, o que leva a uma perda excessiva de eletrólitos (minerais) fundamentais para o animal

• Cólicas e Timpanismo (produção de gases)

Considerações Gerais

Qualquer que seja a categoria animal a ser nutrida, devemos sempre pensar em balancear a dieta do animal, suprindo suas necessidades, sem deficiências nem excessos. Para isso, devemos sempre contar com o auxílio de profissionais capacitados e de softwares de dieta, para oferecermos corretamente todos os nutrientes fundamentais: Energia, Proteína, Macro e Micro Minerais e Vitaminas, lembrando sempre que, para cada categoria, existem diferentes necessidades nutricionais que devem ser supridas para o bom desempenho do animal. As necessidades são diferentes e variáveis conforme a categoria do animal, podendo variar em mais de 100% de animal de passeio para éguas em lactação, ou apenas 20 a 30% de manutenção para animal de trabalho. Além disso, outros fatores interferem nas necessidades do animal e no cálculo de uma dieta equilibrada, tais como peso, raça, clima, tipo de forrageira, digestibilidade individual, estado geral do animal, etc. Deve-se sempre saber a real necessidade do animal buscando o melhor alimento, e o melhor alimento é aquele que supre de maneira eficaz e equilibrada as necessidades do animal.


André Galvão Cintra
MV, Prof. Esp.
Presidente ABCC Bretão
andre@vongold.com.br
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