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Plante Alfafa

Você mesmo pode plantar e produzir alfafa em sua propriedade, fornecê-la aos seus cavalos e armazena-la as épocas em que as forrageiras são escassas.


A procura da gramínea forrageira ideal para o pastejo de eqüinos é uma preocupação antiga e constante por parte daqueles que criam esses animais. Em determinadas épocas surgem espécies ou variedades que provocam agitação e cuja fama se espalha como vento, mas depois de algum tempo, a história é velha conhecida de todos, a produção declina, a capacidade de germinação diminui, as pragas dominam, enfim, o sonho acaba. Para cada tipo de solo e clima pode-se encontrar uma forrageira que melhor se adapte às condições do ambiente. Ou seja, em solos de alta fertilidade pode-se plantar o coast-cross; nos solos de média fertilidade, o transvala e nos solos de baixa fertilidade, o capim elefante. Porém, por ser provavelmente a principal forrageira em termos mundiais, a alfafa é considerada hoje a "rainha das forrageiras".

Com altíssimo teor de proteínas, vitaminas e sais minerais, a alfafa possui palatabilidade excelente e digestibilidade natural. Sua produtividade pode atingir de 10 a 12 toneladas ha/ ano, sendo econômica e de fácil manejo. Por ser tão importante e agradável aos cavalos, essa gramínea é amplamente utilizada na alimentação desses animais, que por não serem ruminantes estão mais propensos a perturbações digestivas.

A alfafa (Medicago sativa) é nativa das regiões iranianas, e talvez, já fosse cultivada antes que muitos imaginam. Por toda a Ásia e Europa e ainda pelo México, começou a ser utilizada pelos exércitos na alimentação de seus cavalos e gado. Foi, no entanto George Washington o primeiro a incentivar o cultivo da espécie do nordeste dos Estados Unidos até o México.

O cultivo da alfafa é de certa forma exigente, pois o criador que pretende instalar um alfafal em sua propriedade deve tomar alguns cuidados, que vão desde a escolha da área e condições de cultivo, até o corte, coleta e armazenagem. E ainda, como exige certo custo de produção, ele deverá ter em mente um cronograma de trabalho e segui-lo dentro das normas agronômicas recomendadas para que obtenha o retorno esperado. Daremos a seguir algumas informações básicas para que você possa fazer um canteiro de alfafa em sua propriedade, na medida suficiente para satisfazer o consumo dos seus cavalos. Entretanto, é importante que você peça orientação a um agrônomo, desenvolvendo assim o cultivo de maneira adequada.

ONDE PLANTAR

Sabendo que cada cavalo consome em média 8 quilos de alfafa por dia, preocupe-se em delimitar um terreno de, no mínimo, 50m x 50m (2.500 m2). Você pode calcular o tamanho da sua plantação de acordo com o número de animais que possui e a quantidade de alfafa que julga necessária para fornecer anualmente a eles. Exemplo: Numa propriedade com cinco animais, onde são fornecidos 8 quilos de alfafa por dia (40 quilos de alfafa por dia), anualmente o consumo será de 14.640 kg. O terreno usado para a plantação deverá ter aproximadamente 112m x 112m (12.200 m2).

Depois de escolhido o local de cultivo, o próximo passo será o preparo do solo. Deve-se coletar amostras de solo da área escolhida, enviar ao laboratório onde será feita a análise desse material. Esse procedimento é fundamental, porque o resultado da análise permitirá medir qual a necessidade de calagem, isto é, quanto de corretivo deverá ser aplicado no solo. Para se proceder a correção do solo é interessante contar com o auxílio de um agrônomo.

É preciso desagregar o solo e nivelar o terreno. O preparo do solo tem como finalidade fazer com que após o plantio a porcentagem de germinação seja satisfatória, rápida e uniforme, já que a semente da alfafa é bastante sensível e o início do seu desenvolvimento é o mais complicado.

QUANDO PLANTAR

A alfafa é uma planta chamada "planta de dias curtos". Isso indica que uma das condições básicas para o seu desenvolvimento é a época onde os dias são curtos e, conseqüentemente as noites são mais longas. Isso ocorre nos meses de abril a julho onde a temperatura mais amena atua como fator importante, assim como a presença de ervas daninhas é menor. Mas, deve-se saber que cada região do país pode apresentar diferenças nessas temperaturas no mesmo período de tempo, o que ocasionará plantios em épocas diversas.

Para que o cultivo resista a qualquer condição adversa (geadas, seca, competição de nutrientes com ervas daninhas, etc.) é muito importante uma boa instalação da cultura, o que resultará num bom enraizamento da planta.

COMO SEMEAR

Normalmente gasta-se em média 20 quilos de semente por hectare plantado, trabalhando sempre com sementes de boa qualidade. A quantidade de semente não deve ser racionalizada, pois nem sempre todas as sementes encontrarão as condições ideais de germinação. Com uma boa base de semeadura, pode-se ter uma plantação que durará de quatro a cinco anos. Um bom cultivo atinge após a germinação, em média, um número em torno de 140 a 180 plantas por m2. Isso aumenta a duração da plantação e há, portanto uma diluição nos custos fixos de produção, pois a longevidade do alfafal será maior.

Para um bom desenvolvimento é fundamental que se faça uma boa adubação, seguindo os padrões de exigência tanto da planta quanto do solo, suprindo assim os déficits em termos nutricionais.

O início do desenvolvimento da alfafa é muito sensível, daí a importância de se verificar a profundidade da semeadura, pois a germinação das plantas deve ter alta porcentagem. Para solos argilosos, 1 cm de profundidade; para solos areno-argilosos, 1,5 cm de profundidade; e para solos com alta porcentagem de matéria orgânica, 2 cm de profundidade.

A semeadura pode ser feita de duas maneiras. As formas recomendadas são: a lanço, que pode ser feita mecânica ou manualmente, e em linhas, com uma plantadeira. Cada propriedade deve optar por um sistema, tendo em vista a disponibilidade de implementos e tecnologia.

No caso da semeadura a lanço, deve-se tomar cuidado com a distribuição das sementes, para que haja uma boa homogeneidade de plantio. Assim para 20 kg/ha, 20 kg de semente (10.000 m2). Deve-se preparar antes um lote ou uma pequena área de 100 m2 e semear 20g de semente, verificando a distribuição das mesmas. O mesmo deve ser observado quando se coloca 20 kg/ha. A semeadura a lanço também pode ser mecânica, utilizando para isso uma distribuidora de calcário.

Já a semeadura em linhas deve seguir um espaçamento de 20 a 30 cm, com uma obtenção de 150 a 200 sementes por metro linear. Exemplo: 20 – 30 cm entre discos (dependendo da capinadeira); 150 - 200 sementes por metro linear (regular a plantadeira).

Para ambos os casos, deve-se tomar cuidado na hora de enterrar as sementes, procedimento este que acontece após a semeadura. Pode-se utilizar uma grade niveladora totalmente fechada ou ainda em posição de transporte, para que os discos removam somente uma pequena porção de terra, suficiente para o enterrio, seguindo-se os dados de profundidade já citados.

PRIMEIRO CORTE

Se todos os passos mencionados anteriormente forem seguidos, o produtor poderá colher, realizando o primeiro corte daquela alfafa plantada entre abril e julho, dentro de 120 dias, isto é, final de setembro ou início de outubro. Antes disso, já com 45 dias, a planta deverá apresentar sua rama principal totalmente formada, mas, seu corte não é recomendado, pois a planta ainda não atingiu o seu sistema radicular adequado.

Cortes antecipados ou atrasados geralmente provocam danos ao alfafal e prejudicam a produção esperada de nutrientes. O ponto ideal para os cortes seguintes é atingido sempre que a planta alcançar o seu nível nutricional máximo. No outono e inverno, devido às condições climáticas, o intervalo de cortes deve ser mais espaçado: em média, de 34 a 36 dias. Na primavera e verão, os intervalos entre os cortes são menores: de 30 a 32 dias. Uma boa forma de se observar o ponto de corte é quando a alfafa atingir de 10 a 20% de plena floração. Trabalhando com alta produtividade consegue-se ter de oito a nove cortes por ano aproximadamente. É importante que o proprietário se organize para que haja alfafa suficiente entre os cortes. Todos os pontos levantados neste texto terão maior eficiência se houver irrigação. Se a preparação do solo for feita de maneira adequada com corretivos de acidez, com adubação certa, a alfafa atingirá uma produção máxima, mas superior ainda se for irrigada.

O valor nutritivo é variável e independente da idade, preparo ou fenação. A mecanização acaba, em alguns casos, gerando danos na rebrota, devido a altura de corte, que no caso é mais rente ao solo, prejudicando assim, as novas gemas da planta.

SISTEMAS DE CORTE

Há duas maneiras de se cortar a alfafa, uma visando o processo de fenação e outra objetivando a distribuição do alimento ainda verde. No processo de fenação ocorre a desidratação da planta, que perde 61 % de água (de 70 - 80% a 14%), servindo assim para estocagem. Quando bem feito, o processo de fenação proporciona uma estocagem de nutrientes, proteína, energia e porcentagem de matéria seca da planta, durante certo tempo (ver HB nº02 - setembro de 1992 - "Feno", pág. 28). Para se conseguir isso, uma boa maneira é escolher adequadamente a época de corte. É preciso que se tenha no mínimo de dois a três dias de sol incidindo na cultura após o corte. Esses dois ou três dias devem estar dentro do prazo de corte programado. A fenação da alfafa traz alguns benefícios ao produtor. Seu fornecimento aos animais é fácil, o armazenamento é simples e de grande durabilidade. Sua palatabilidade e digestibilidade são mantidas a níveis altos.

A outra maneira de se utilizar a alfafa é sistematizar seus cortes para que a planta possa ser fornecida fresca ao animal, suprindo as necessidades diárias de consumo. Se você tiver vários canteiros de alfafa e proceder ao corte diariamente, apenas numa pequena parte da plantação, somente a quantidade necessária para fornecer aos seus cavalos por um dia, chegará ao seu último canteiro após terem transcorrido cerca de 34 dias. Com esses cortes periódicos, você voltará assim, ao primeiro canteiro, que já estará pronto para mais um corte.

PLANTAR E COLHER É SÓ COMEÇAR

Não é preciso um grande espaço, nem técnicas muito avançadas para ter uma plantação de alfafa na sua propriedade. Pensando em todas as vantagens que irá obter e as facilidades relacionadas ao manejo alimentar dos animais, você sem dúvida chegará a conclusão de que vale a pena investir seu tempo nessa produção. E só plantar, buscar orientação e esperar para colher.

O preparo do solo tem como finalidade fazer com que apos o plantio a porcentagem de germinação seja satisfatória, rápida e uniforme.
Cortes antecipados ou atrasados geralmente provocam danos ao alfafal e prejudicam a produção esperada de nutrientes.


Fonte: Arquivo Revista Horse Business

Texto: Daniel Lindenberg
Colaboradores: Luiz Felipe Moura Pinto; João Scatena - Haras Dois Irmãos.
Bibliografia: Losito de Carvalho Consultores Associados "A escolha das pastagens para eqüinos”.
 

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