Ao exercitar seu cavalo, fique atento. Este é o momento de detectar problemas respiratórios
Se o seu cavalo emite chiados e sons incomuns, principalmente quando se exercita, este poderá ser um sinal de que algo não vai bem com a saúde dele.
A Neuropatia Laringeana Recorrente, conhecida popular-mente como “cavalo roncador”, é uma patologia conhecida há muitos anos por veterinários de todo o mundo, mas que apresenta várias contradições quanto à sua origem e evolução. Suas principais características são os chiados e roncos que os animais emitem quando exercitados.
Por ser uma doença que ataca as vias respiratórias, nota-se maior incidência em cavalos atletas, de grande porte, macho ou fêmea, e na maioria aqueles com menos de seis anos de idade, afetando raramente raças de porte médio e pôneis.
A patologia afeta o nervo que inerva alguns músculos da laringe, que normalmente fazem com que a passagem de ar para a traquéia aumente ou diminua de tamanho durante a respiração.
Desta maneira, com a musculatura afetada por lesão do nervo, ocorre uma atrofia e inicia-se um processo de hemiparesia (paralisia parcial unilateral) ou de hemiplegia (paralisia total unilateral), provocando estreitamento da passagem para a traquéia. Na maioria dos casos o lado esquerdo é o atingido.
Os músculos são afetados pelo nervo laringeano recurrente, e é o dano desse nervo que resulta na paralisia.
A paralisia do movimento da laringe é causada pelo fechamento da passagem de ar pelas cordas vocais e a cartilagem aritenóide. Ao se exercitar, o animal sente certo grau de asfixia e emite ruídos e chiados, dai o nome popular da doença: “cavalo roncador”.
Causas
Existem muitas contradições a respeito da origem da doença.
A opinião dos especialistas são conflitantes. Alguns afirmam que a patologia possui ordem genética, outros dizem que pode ser adquirida de forma traumática, ou ainda ser ideopática, ou seja, não apresenta causa definida.
O Dr. Daniel Lessa, professor de clínica médica da Faculdade Plínio Leite de Medicina Veterinária, ressalta que “independente das causas, a neuropatia está baseada em uma predisposição anatômica, em função do nervo laríngeo recorrente esquerdo ser mais curto que o direito. Esta diferença de tamanho do nervo ocasiona maior tensão no animal quando este realiza curvas para o lado direito do que para o lado esquerdo.”
Problemas que o cavalo apresenta na epiglote (válvula que fecha a glote no momento da deglutição) e no palato (região que separa a cavidade bocal das cavidades nasais), podem desenvolver a neuropatia.
Para o Dr. Francisco Nogueira Neto, veterinário autônomo, apenas num percentual muito pequeno dos casos a causa primária poderá ser identificada, mas alguns fatores poderão determinar polineuropatias, com comprometimento da inervação laringeana, tais como: traumas cervicais, micoses das bolsas guturais, lesões periféricas dos ramos nervosos ou intoxicações de natureza química ou vegetal”, complementa o especialista.
A principal conseqüência da doença é o prejuízo da performance, devido à dificuldade respiratória instalada. Alguns veterinários levantam a hipótese da NLR estar relacionada à hemorragia pulmonar induzida pelo exercício.
Sintomas
Se o cavalo apresentar sintomas como alteração do sonido respiratório quando se exercita, tosse, engasgos, movimento respiratório entrecortado como se fosse soluço, diminuição de performance, dependendo do caso atingir intolerância à exercícios, estes podem ser indícios da doença. Mas fique alerta, pois especialistas afirmam que a patologia pode ocorrer subitamente, sem apresentar sinais prévios.
No estágio inicial é possível ouvir um fraco assobio semelhante ao ruído de “alguém soprando em uma garrafa aberta”. Com o avanço da doença, o ruído torna-se mais intenso e assume a qualidade de ronco. Nos estágios tardios, os ruídos são audíveis mesmo durante o trote leve, e persistem por algum tempo após um exercício intenso. O que também pode acontecer é os animais afetados perderem sua “voz” normal (relincho) devido à paralisia também da corda vocal.
Em relação à evolução da patologia, as opiniões tornam-se conflitantes. Alguns especialistas americanos consideram a NRL como sendo um problema progressivo culminando com a hemiplegia, enquanto que outros veterinários afirmam não existirem evidências que confirmem a característica progressiva da doença, desde a hemiparesia até a hemiplegia.
Para o Dr. Daniel Lessa “a patologia pode ter caráter progressivo, mas o problema em se conduzir esta afirmação é que muitas vezes há impossibilidade de um experimento clínico, onde se possa acompanhar os animais durante um longo período e observar alterações, desde as mais sutis até àquelas de fácil detecção.” O especialista continua dizendo que “ muitas vezes o veterinário só é chamado quando a patologia já se apresenta de maneira avançada, dificultando assim a observação das gradações da mesma
Diagnóstico
Alterações do sistema respiratório como estreitamento da laringe ou da traquéia podem desencadear sintomas semelhantes à NRL ,como o deslocamento dorsal do palato mole e qualquer obstrução das vias aéreas superiores; portanto, faz-se necessário um exame clínico detalhado.
“Estes exames devem ser realizados durante o repouso e o exercício do animal, com palpação da laringe e endoscopia respiratória, para observar a paresia ou paralisia, com redução da passagem para a traquéia”, explica o Dr. Lessa.
Como a doença manifesta-se principalmente durante o exercício, centros mais avançados, como os Estados Unidos, realizam a endoscopia de forma dinâmica, ou seja, os animais são examinados exercitando-se em uma esteira rolante.
Tratamento
Para efetuar um tratamento adequado, o diagnóstico deverá estar correto, descartando a possibilidade de ser outra patologia, com sintomas semelhantes.
Não existem tratamentos paliativos para a doença. No passado, em alguns casos, diagnósticos errôneos eram uma das causas para tratamentos sem sucesso, pois havia dificuldade na obtenção de aparelhos endoscópicos para examinar a laringe detalhadamente. Antigamente, a traqueostomia era utilizada como tratamento, mas o problema não era resolvido, pois apenas mudava-se o local da entrada de ar.
Posteriormente, passou-se a empregar a técnica de laringotomia com ventriculectomia. Este método trouxe resultados satisfatórios em alguns casos, e em outros não obteve sucesso.
A fusão das técnicas de laringotomia com ventriculectomia à laringoplastia protética, tem sido usada hoje em dia, e com bons resultados. Segundo especialistas, o tratamento cirúrgico apresenta bom índice de recuperação da função atlética do animal.
A avaliação do proprietário e do veterinário é muito importante antes de submeter o animal à operação. Uma cirurgia custa em média R$ 3 mil, mas há a prerrogativa de não fazê-la, em alguns casos, pois animais, como cavalos de passeio, de pasto, éguas e garanhões que não exercem muito esforço físico, podem conviver naturalmente com a doença.
Colaboradores:
Dr. Daniel Augusto Barroso Lessa, médico veterinário e professor da Clínica Médica da Faculdade Plínio Leite de Medicina Veterinária, em Itaboraí (Rio de Janeiro),
Dr. Francisco de S. Nogueira Neto, médico veterinário autônomo, clínico e cirurgião, que atua no Jockey Club de São Paulo e várias outras entidades hípicas, e
Dr. Cristiano von Simson, médico veterinário, chefe da equipe veterinária de enduro eqüestre Copercom e gerente técnico da linha PETS (cães, gatos e eqüinos) da multinacional Rhodia Mérieux.
Fonte: Arquivo Revista Horse Business – Premium Edition CD 1 e CD2
Se o seu cavalo emite chiados e sons incomuns, principalmente quando se exercita, este poderá ser um sinal de que algo não vai bem com a saúde dele.
A Neuropatia Laringeana Recorrente, conhecida popular-mente como “cavalo roncador”, é uma patologia conhecida há muitos anos por veterinários de todo o mundo, mas que apresenta várias contradições quanto à sua origem e evolução. Suas principais características são os chiados e roncos que os animais emitem quando exercitados.
Por ser uma doença que ataca as vias respiratórias, nota-se maior incidência em cavalos atletas, de grande porte, macho ou fêmea, e na maioria aqueles com menos de seis anos de idade, afetando raramente raças de porte médio e pôneis.
A patologia afeta o nervo que inerva alguns músculos da laringe, que normalmente fazem com que a passagem de ar para a traquéia aumente ou diminua de tamanho durante a respiração.
Desta maneira, com a musculatura afetada por lesão do nervo, ocorre uma atrofia e inicia-se um processo de hemiparesia (paralisia parcial unilateral) ou de hemiplegia (paralisia total unilateral), provocando estreitamento da passagem para a traquéia. Na maioria dos casos o lado esquerdo é o atingido.
Os músculos são afetados pelo nervo laringeano recurrente, e é o dano desse nervo que resulta na paralisia.
A paralisia do movimento da laringe é causada pelo fechamento da passagem de ar pelas cordas vocais e a cartilagem aritenóide. Ao se exercitar, o animal sente certo grau de asfixia e emite ruídos e chiados, dai o nome popular da doença: “cavalo roncador”.
Causas
Existem muitas contradições a respeito da origem da doença.
A opinião dos especialistas são conflitantes. Alguns afirmam que a patologia possui ordem genética, outros dizem que pode ser adquirida de forma traumática, ou ainda ser ideopática, ou seja, não apresenta causa definida.
O Dr. Daniel Lessa, professor de clínica médica da Faculdade Plínio Leite de Medicina Veterinária, ressalta que “independente das causas, a neuropatia está baseada em uma predisposição anatômica, em função do nervo laríngeo recorrente esquerdo ser mais curto que o direito. Esta diferença de tamanho do nervo ocasiona maior tensão no animal quando este realiza curvas para o lado direito do que para o lado esquerdo.”
Problemas que o cavalo apresenta na epiglote (válvula que fecha a glote no momento da deglutição) e no palato (região que separa a cavidade bocal das cavidades nasais), podem desenvolver a neuropatia.
Para o Dr. Francisco Nogueira Neto, veterinário autônomo, apenas num percentual muito pequeno dos casos a causa primária poderá ser identificada, mas alguns fatores poderão determinar polineuropatias, com comprometimento da inervação laringeana, tais como: traumas cervicais, micoses das bolsas guturais, lesões periféricas dos ramos nervosos ou intoxicações de natureza química ou vegetal”, complementa o especialista.
A principal conseqüência da doença é o prejuízo da performance, devido à dificuldade respiratória instalada. Alguns veterinários levantam a hipótese da NLR estar relacionada à hemorragia pulmonar induzida pelo exercício.
Sintomas
Se o cavalo apresentar sintomas como alteração do sonido respiratório quando se exercita, tosse, engasgos, movimento respiratório entrecortado como se fosse soluço, diminuição de performance, dependendo do caso atingir intolerância à exercícios, estes podem ser indícios da doença. Mas fique alerta, pois especialistas afirmam que a patologia pode ocorrer subitamente, sem apresentar sinais prévios.
No estágio inicial é possível ouvir um fraco assobio semelhante ao ruído de “alguém soprando em uma garrafa aberta”. Com o avanço da doença, o ruído torna-se mais intenso e assume a qualidade de ronco. Nos estágios tardios, os ruídos são audíveis mesmo durante o trote leve, e persistem por algum tempo após um exercício intenso. O que também pode acontecer é os animais afetados perderem sua “voz” normal (relincho) devido à paralisia também da corda vocal.
Em relação à evolução da patologia, as opiniões tornam-se conflitantes. Alguns especialistas americanos consideram a NRL como sendo um problema progressivo culminando com a hemiplegia, enquanto que outros veterinários afirmam não existirem evidências que confirmem a característica progressiva da doença, desde a hemiparesia até a hemiplegia.
Para o Dr. Daniel Lessa “a patologia pode ter caráter progressivo, mas o problema em se conduzir esta afirmação é que muitas vezes há impossibilidade de um experimento clínico, onde se possa acompanhar os animais durante um longo período e observar alterações, desde as mais sutis até àquelas de fácil detecção.” O especialista continua dizendo que “ muitas vezes o veterinário só é chamado quando a patologia já se apresenta de maneira avançada, dificultando assim a observação das gradações da mesma
Diagnóstico
Alterações do sistema respiratório como estreitamento da laringe ou da traquéia podem desencadear sintomas semelhantes à NRL ,como o deslocamento dorsal do palato mole e qualquer obstrução das vias aéreas superiores; portanto, faz-se necessário um exame clínico detalhado.
“Estes exames devem ser realizados durante o repouso e o exercício do animal, com palpação da laringe e endoscopia respiratória, para observar a paresia ou paralisia, com redução da passagem para a traquéia”, explica o Dr. Lessa.
Como a doença manifesta-se principalmente durante o exercício, centros mais avançados, como os Estados Unidos, realizam a endoscopia de forma dinâmica, ou seja, os animais são examinados exercitando-se em uma esteira rolante.
Tratamento
Para efetuar um tratamento adequado, o diagnóstico deverá estar correto, descartando a possibilidade de ser outra patologia, com sintomas semelhantes.
Não existem tratamentos paliativos para a doença. No passado, em alguns casos, diagnósticos errôneos eram uma das causas para tratamentos sem sucesso, pois havia dificuldade na obtenção de aparelhos endoscópicos para examinar a laringe detalhadamente. Antigamente, a traqueostomia era utilizada como tratamento, mas o problema não era resolvido, pois apenas mudava-se o local da entrada de ar.
Posteriormente, passou-se a empregar a técnica de laringotomia com ventriculectomia. Este método trouxe resultados satisfatórios em alguns casos, e em outros não obteve sucesso.
A fusão das técnicas de laringotomia com ventriculectomia à laringoplastia protética, tem sido usada hoje em dia, e com bons resultados. Segundo especialistas, o tratamento cirúrgico apresenta bom índice de recuperação da função atlética do animal.
A avaliação do proprietário e do veterinário é muito importante antes de submeter o animal à operação. Uma cirurgia custa em média R$ 3 mil, mas há a prerrogativa de não fazê-la, em alguns casos, pois animais, como cavalos de passeio, de pasto, éguas e garanhões que não exercem muito esforço físico, podem conviver naturalmente com a doença.
Colaboradores:
Dr. Daniel Augusto Barroso Lessa, médico veterinário e professor da Clínica Médica da Faculdade Plínio Leite de Medicina Veterinária, em Itaboraí (Rio de Janeiro),
Dr. Francisco de S. Nogueira Neto, médico veterinário autônomo, clínico e cirurgião, que atua no Jockey Club de São Paulo e várias outras entidades hípicas, e
Dr. Cristiano von Simson, médico veterinário, chefe da equipe veterinária de enduro eqüestre Copercom e gerente técnico da linha PETS (cães, gatos e eqüinos) da multinacional Rhodia Mérieux.
Fonte: Arquivo Revista Horse Business – Premium Edition CD 1 e CD2
Texto Renata Keppe