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Genética e Treinamento de Cavalos de Competição

A Performance Esportiva é fruto de 03 fatores: GENÉTICA x TREINAMENTO x ALIMENTAÇÃO.

Neste artigo vamos ressaltar os dois primeiros fatores, pois a alimentação merece um destaque à parte.

1.  GENÉTICA:

Feita pelo homem para adaptar o cavalo às suas necessidades e desejos. Como por exemplo, o cavalo Quarto de Milha, selecionado para a distância de 402 metros, imbatível nesta corrida, ou nas provas de rédeas e trabalho; os cavalos Mangalarga Marchador, selecionados pela sua comodidade; os cavalos Anglo-Árabe selecionados pela sua resistência e leveza em transpor obstáculos; os animais de tração com uma estrutura e força invejáveis, etc.

Esta genética é a que procura, através de seleção de exemplares característicos, transmitir determinados genes à sua descendência.

Nos animais de esporte, mais especificamente, estes genes são os que determinam a predominância dos tipos e qualidades das fibras que predominam no animal.

O primeiro tipo de fibra, de contração lenta, tipo I, é um trabalho essencialmente aeróbico (como o enduro), utilizando-se lipídeos como principal fonte de combustível, oriundo principalmente de reservas corpóreas e um pouco da alimentação diretamente. O principal sub produto da queima de combustível é o CO2 com baixa produção de calor.

Para animais de trabalho anaeróbico de duração mais longa, onde se mescla com aerobismo (como o salto), predominam as fibras rápidas do tipo IIA que utilizam glicídios como fonte energética e um pouco de reserva corpórea. Além disso, o principal sub produto da queima de combustível é o CO2 com baixa produção de calor.

Para animais de trabalho essencialmente anaeróbico (como os quarto de milha e Puro Sangue Inglês), predominam as fibras rápidas do tipo IIB, que utilizam glicídios como principal fonte energética e muito pouco de reserva corpórea. Além disso, o principal sub produto da queima de combustível é o ácido lático com alta produção de calor.

Mas o trabalho da genética se encerra no momento em que uma égua emprenha de um garanhão, porém ele é fator limitante essencial para determinar o tipo de trabalho e a intensidade do esforço que o animal selecionado suporta.


2.   TREINAMENTO:

O treinamento de cavalos para esporte é específico para cada esporte e deve ser delegado a profissionais especializados. Alguns cuidados gerais devem ser tomados para que se possa alcançar a melhor performance e grande longevidade (o cavalo compete até idade mais avançada).

A base do treinamento deve ser buscar potencializar as características genéticas do animal, além, é claro, da preocupação com o esporte a ser competido. Isto é, para cavalos de explosão, como puro sangue inglês e quarto de milha, o trabalho deve ser feito priorizando-se as fibras de contração rápida, que utilizam principalmente glicose como fonte energética, sendo um trabalho principalmente anaeróbico. Desta forma, o treinamento destes animais deve ser intenso, porém por um curto espaço de tempo, e não por duas a três horas diárias. Ao se trabalhar estes animais por um longo tempo diariamente, começa-se a priorizar a utilização de uma fonte energética, como lipídeos, que não será disponível na competição, assim como estimulará as fibras lentas, não utilizada em trabalho de explosão.

Da mesma forma ocorre com os animais que trabalham por mais tempo, onde o treinamento deve ser condizente com o tipo de trabalho a ser executado.

Entretanto, para uma boa saúde mental do animal, para um ótimo equilíbrio psíquico, sempre deve-se alternar, ao menos uma vez por semana, o tipo de trabalho executado. Se o cavalo é de explosão, onde o treinamento diário é essencialmente no picadeiro, devemos realizar um trabalho de exterior de 60 a 90 minutos uma vez por semana. E claro que, para animais de marcha e enduro, onde o trabalho de exterior é priorizado, uma vez por semana realizar um trabalho de picadeiro é bastante interessante.

A relação cavalo e cavaleiro deverá ser intensa, porém jamais um cavaleiro inexperiente deverá trabalhar um cavalo inexperiente. O que um não tem de experiência, o outro deve ter.

O principal efeito do treinamento no cavalo deve ser um aprendizado psicológico, com condicionamento físico gradual, ensinando ao cavalo o que, quando e como fazer.

Antes do treinamento, a doma deve se bem feita e iniciada após os 36 meses de idade, quando as estruturas do cavalo já estão bem consolidadas.

Deve-se primordialmente conquistar o cavalo e não subjugá-lo.

Após a doma, iniciar trabalhos de adestramento básico é muito importante para que o cavalo aprenda a responder rapidamente aos comandos do cavaleiro.

Para qualquer esporte, o cavaleiro deve ter uma iniciação de equitação fundamental para saber quando e como enviar os comandos ao cavalo de forma que ele responda rapidamente.

Deve-se iniciar o treinamento com trabalho cerca de 03 vezes por semana, 20-30 minutos diários e ir aumentando gradativamente.

O treinamento mínimo para competição deve ser de 18-24 meses, dependendo das condições do animal.

Este período mínimo de treinamento é devido à adaptação fisiológica que as estruturas do cavalo devem ter para suportar uma competição, e este período de adaptação das estruturas é variável:

·      Pulmão e Coração: 3 meses de treinamento;

·      Músculos: 5 a 6 meses de treinamento

·      Tendões, Ligamentos e Articulações:  8 a 12 meses de treinamento.

·      Ossos: Até 03 anos de treinamento

A grande dificuldade de se aguardar o período necessário para se iniciar a competição, é que os parâmetros utilizados para observarmos se o animal está em bom estado atlético é a observação de batimento cardíaco, freqüência respiratória e musculatura, que se adaptam rapidamente às condições de competição. Enquanto que, as estruturas que sofrem alto impacto em uma competição (tendões, ligamentos e articulações) demoram de um a três anos para estarem aptas.

Respeitando-se os limites do cavalo, que a própria natureza lhe impõe, teremos um animal apto a competir por muito mais tempo, até os 20 anos de idade ou mais, desde que, é claro, procuremos também uma alimentação adequada por toda a vida, mas isso já é outra história.


André Galvão Cintra
MV, Prof. Esp.
Presidente ABCC Bretão
andre@vongold.com.br
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