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Desmame Racional

21 Dicas para o Desmame de Potros

A primeira pergunta que nos vem a mente quando se trata de desmame de potros é: Existe realmente a necessidade de desmamá-los? Na verdade não se trata de urna prática incondicional, ela vai ocorrendo naturalmente à medida que o potro chega ao seu primeiro ano de vida. A produção de leite, bem como sua qualidade, vão declinando com os meses e a égua tende a rejeitar o potro gradativamente.

São consideradas três importantes razões para o procedimento do desmame: primeira, evitar o desgaste da égua que foi fecundada nos primeiros cios após a parição (a demanda de nutrientes e minerais é muito maior no caso da gestação concomitante à lactação); segunda, quando o potro apresenta bom desenvolvimento e a posição adotada no ato de mamar já compromete seus aprumos; e finalmente para os casos de reprodutoras idosas ou desgastadas e para os potros que irão iniciar condicionamento (exposições ou trabalho), onde há necessidade de manejo alimentar criterioso. Adotado o procedimento da desmama, surge nova dúvida: Como fazê-lo?

O desmame representa privação, ausência, mudança e quando realizado de maneira abrupta. se transforma para O potro num acontecimento desastroso”. Muitas são as novas situações às quais ele deve se adaptar. Há perda de peso pela falta do leite e mudança alimentar; diversos ferimentos ao tentar reencontrar a mãe e. principalmente. uma susceptibilidade maior as infecções devido à queda de resistência orgânica que todo esse estresse causa.

Para atenuar esse quadro, adota-se um desmame racional onde as mudanças são lentas e progressivas, permitindo que o potro se adapte à nova alimentação e ao convívio mais intenso com o homem e outros animais que não a sua mãe.

Muitas das orientações a seguir referem-se ao caso de um haras com vários potros, onde é necessário ter um sistema de desmame planejado, mas, se você tem um ou dois potros em sua propriedade e quer saber qual t melhor maneira de desmamá-los poderá adaptar essas recomendações à sua realidade, sempre tentando diminuir o trauma que essa separação representa.

Seguem algumas dicas pata ajuda-lo a realizar o desmame dos potros de uma maneira coerente; algumas variações do procedimento racional e alguns cuidados com a alimentação, crescimento, vacinações. vermifugações, aprumos e manejo em geral.

ANTES DO DESMAME

1 -  Nos sistemas de criação a campo, onde os lotes de animais permanecem dia e noite soltos, a partir de vinte dias de idade, o potro com perfeita saúde já pode dormir no piquete, mesmo no inverno. A baia fica restrita a potros que apresentem algum problema e por isso necessitem de cuidados intensivos.

2 - Manter os potros a campo é mais econômico, higiênico e saudável. As brincadeiras e correrias desenvolvem melhor a musculatura. Eles adquirem maior resistência às infecções, especialmente àquelas da esfera respiratória.

3 - Para as regiões de condições climáticas muito severas onde há exigência da restrição em baia durante a noite, é importante manter uma perfeita higiene dessa instalação e conservar a cama (revestimento do piso) sempre bem limpa e seca.

4 - Os contatos do potro com seu tratador já se estabelecem nos primeiros momentos de vida quando se realiza a desinfecção de seu umbigo. E um bom procedimento de manejo, colocar no potrinho um cabresto e, delicadamente fazer com que ele se acostume ao contato humano e obedeça aos comandos.

5 - Desde o nascimento do potro, quinzenalmente é importante verificar o peso, a altura e os aprumos de seus membros locomotores. Esses aspectos devem ser observados e corrigidos. permanecendo atualizados por ocasião do desmame.

6 - A vermifugação mensal a partir dos trinta dias de idade, com produtos sabidamente eficazes (vacinação contra tétano, encefalomielite leste e oeste, gripe, garrotilho e/ou outras vacinas conforme necessidade regional ou do próprio haras), devem ser procedimentos de rotina a partir do nascimento do potro.

7 - Quanto ao casqueamento, o início e sua periodicidade estão na dependência de cada animal individualmente. E preciso verificar se existem defeitos nos aprumos (com desgaste desigual dos cascos) e qual à gravidade deles. As correções devem ser realizadas sob orientação técnica para que essa condição não se agrave à medida que o potro se desenvolve.

8 - Com o passar dos meses, a produção de leite da égua declina em qualidade e quantidade. Para um desenvolvimento perfeito do potro, existe a necessidade de uma suplementação alimentar. A maneira mais usual é começar a oferecer, a partir de um mês de idade, ração para potros, seja em creeper (local de acesso exclusivo aos potros) ou simplesmente em cocho separado da égua.


O DESMAME

1 - O desmame poderá ser feito por volta de seis meses de idade, considerando principalmente o bom desenvolvimento dos potros e a queda na produção do leite. Geralmente, para as raças de bom porte, com cavalos altos, o desmame ocorre aos cinco meses. Há também criadores de raças para trabalho que separam seus potros com quase quatro meses para um acompanhamento mais rígido e uma alimentação mais controlada.

2 - A forma tradicional de desmame consiste na separação abrupta e definitiva do potro e sua mãe. Ele é colocado em baia, ficando restrito por até 15 dias para que se acostume à ausência da égua. Essas muitas mudanças em um só momento, como a separação da mãe, falta do leite, restrição à baia, contato humano, nova alimentação, acompanham grande estresse e vão predispor o potro ao já conhecido quadro de suscetibilidade. A perda de peso, ferimentos, infecções, alterações do sistema digestivo e os problemas respiratórios são só alguns exemplos das conseqüências da mudança abrupta do manejo de potros.

3 - Na tentativa de minimizar o trauma dessa separação, adota-se um sistema de desmame racional onde as mudanças são lentas e progressivas, permitindo ao potro uma melhor adaptação ao seu novo manejo. Dependendo do número de potros a serem desmamados podemos ter variações nesse sistema. Para o caso de criatórios maiores, com seus animais a campo, forma-se lotes de éguas com potros ao pé de idades próximas. Eles são colocados em piquetes com boa forrageira e que possuam manutenção cuidadosa de suas cercas. Assim, gradativamente diminui-se o convívio diário do potro com sua mãe.

4 - Próxima a idade escolhida para o desmame, ele tem início retirando-se a égua do lote durante o período da manhã. O potro ficará em companhia dos outros de sua idade e das éguas. A princípio, ele correrá bastante à procura de sua mãe, deixando de se alimentar.

5 - Observando-o sempre. Tão logo esteja calmo, pastando por períodos maiores e brincando com os outros potrinhos, a separação durante a tarde pode ser iniciada. O potro terá sua mãe somente durante três horas no meio do dia e durante à noite no piquete.

6 - Mostrando bom desenvolvimento, perfeita saúde e convívio adequado com os outros animais do lote, agora a separação se faz em definitivo. Por um período curto de tempo, ele passará todo o dia longe da mãe até que também fique sozinho durante a noite. Essa primeira noite, se possível, deve ser observada. Um bom procedimento nessa forma de desmame é fazê-lo em dois ou mais potros simultaneamente. Eles, na ausência de suas mães, convivem mais intimamente, o que atenua o trauma da primeira noite sem elas. A duração de todo esse procedimento está na dependência das reações dos animais envolvidos. Como o objetivo é diminuir os traumas, a velocidade das mudanças é ditada pelos comportamentos observados.

7 - Na disponibilidade de baias amplas e limpas pode-se proceder a uma desmama gradativa. Égua e potro passam a noite na baia por uma semana para um período de adaptação ao local. Durante o dia integram o lote de éguas de potro ao pé. Quando são muitos os potros a serem desmamados, decorridos os sete dias, retira-se a água da baia permanecendo o potro sozinho. Ele ficará em baia para iniciar condicionamento se a intenção for levá-lo as exposições da raça ou logo que se acostume à ausência da mãe (cerca de dez dias), poderá ir para o piquete integrando o lote de potros desmamados.

8 - Quando um número mais reduzido de potros permite um manejo mais completo, faz-se o desmame em baia de forma mais gradual. Égua e potro passam a noite na baia, retira-se a égua pela manhã e o potro permanece preso, quando deve ser escovado e alimentado. Irá unir-se à sua mãe no piquete no começo da tarde. Ambos são recolhidos para a mesma baia no final do dia.

9 - A seguir, o potro ficará em baia também durante a tarde. No piquete, terá contato com a mãe somente durante três horas no meio do dia. A tarde, na baia, deverá ser novamente escovado para que se torne ainda mais dócil. Apresentando bom desenvolvimento, a ausência da mãe passará a ser completa durante todo o dia.

10 - O Por poucos dias a égua será recolhida para passar a noite como potro. Agora que há completa adaptação à baia, à alimentação e ao novo manejo de contato estreito com o tratador, égua e potro podem ser separados em definitivo.

11 - No caso da égua, não há necessidade de mudanças bruscas na alimentação, principalmente se ela já se encontrar novamente prenhe. O leite deverá ser esgotado inicialmente duas vezes ao dia, aumentando esse intervalo conforme se observe queda na produção leiteira.

12 - Depois de desmamados, machos e fêmeas poderão ficar no mesmo piquete até no máximo um ano de idade, devendo então ser separados.

13 - Se você tem poucos ou apenas um potro na sua propriedade, deve adequar estas orientações, tendo em mente o tipo de sistema que pretende estabelecer, isto é, saber para qual finalidade está criando o seu ou os seus potros e seguir manejo e desmame que melhor lhe convier. Começar a participar de exposições e se preparar para algum esporte exigem manejos diferenciados e específicos, por isso é bom definir a sua intenção para com o potro, se possível, já na época do desmame.

Apoio: Dra. Martha Gruber, formada em 1985- USP - SP, Veterinária Autônoma e Anestesiologista do Hospital Salles Gomes, Jundiaí, SP

Fonte: Arquivo Revista Horse Business – Premium Edition CD 1 e CD2

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