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O ser e o ter...

Algumas perguntas: seu cavalo tem noção de como você leva a vida fora dos momentos em que está com ele? Sabe quanto ele custa por mês a você? Sabe a marca dos equipamentos que usa? Não. Não sabe de nada disso, e tudo isto não faz a menor diferença para ele. Seu cavalo tem alguma noção de como você é em termos emocionais? Consegue sentir como você está no exato momento em que está com ele? Faz algum tipo de leitura sobre o seu comportamento, suas atitudes, suas ações quando está com ele? Sim. Ele sabe, percebe e sente tudo isto. Tem uma frase de Ray Hunt que diz: “Seu cavalo sabe tudo o que você sabe, mas sabe tudo o que você não sabe”. Isto significa que seu cavalo sente você muito mais do que você sente e percebe as coisas dele... Lá no fundo, aplica esta frase em sua vida, enquanto nós talvez não... Então, muitas vezes vejo cavalos super equipados, com cavaleiros super vestidos de cowboy ou mega culotes e botas.

Fico olhando e vendo o lado deles, muitas vezes tristes ou atrapalhados, sem noção ou certeza sobre a vida que levam. Vivem em dúvida gigante sobre tudo o que lhes cercam e começam a dar problemas a seus cavaleiros. Estão tentando buscar uma saída para aquilo talvez. E, na mesma hora, vejo as pessoas investindo em equipamentos, continuando pensando “pelo lado de fora” pelo lado físico, ou das aparências e não pelo lado interno, mental, emocional de necessidades naturais. Também vejo pessoas super equipadas, treinadores em inicio de carreira, instrutores novatos que pelo talento e esforço se destacam e viram pessoas “conhecidas”, mas que vão passando pela onda do dia a dia e não se dão conta de que o que somos por fora não significa nada sem que saibamos exatamente o que e quem somos por dentro. Tornam-se importantes demais para os “mais simples”, deixando para fazer o que os trouxe até aqui somente para as aulas, os momentos “públicos”. Se economizam e se colocam em “pequenos pedestais” que são meras ilusões deliciosas que a vida oferece...

Acaba que tanto para os cavalos como para as pessoas, a situação fica aparentemente linda, internamente triste. E assim, como os cavalos sabem tudo o que sabemos, e tudo o que não sabemos, a qualidade do treinamento despenca, e o cavalo não acredita mais naquela pessoa... Talvez devamos pensar em quem somos por dentro e não por fora. Talvez devamos pensar mais sobre humildade para com os cavalos das nossas vidas. Pensar em quem nossos cavalos devem acreditar... No que temos ou em quem somos?


Aluisio Marins, MV
Universidade do Cavalo
www.universidadedocavalo.com.br

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