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Complementação Alimentar Equilibrada dos Cavalos

Para alimentação adequada do cavalo, devemos respeitar sua natureza, suprindo suas necessidades básicas.

É fundamental ter em mente que o cavalo é um animal herbívoro, que se alimenta especialmente de vegetais, normalmente chamados de volumosos, ou simplesmente “verde”, ou mesmo forrageiras. Estes podem ser fornecidos sob a forma gramíneas frescas, feno ou mesmo silagens, e devem representar no mínio 50% da dieta do cavalo, independente da categoria a que pertence.

Após termos suprido as mínimas necessidades para manutenção do cavalo, aí sim, conforme atividade a que vamos submetê-lo, seja um potro em crescimento, égua em reprodução ou cavalo de esporte e trabalho, devemos oferecer-lhe os complementos de uma alimentação, para que possamos atingir os níveis Energéticos e/ou Protéicos suficientes para suprir estas novas necessidades, mas sempre respeitando sua natureza, valorizando o volumoso.

A Ração na verdade deve ser chamada de complemento corretor, pois esta deve ser sua função: complementar e corrigir as necessidades do animal, que o volumoso disponível não consegue suprir. Ela deve ser equilibrada, oriunda de empresas idôneas para se ter garantia da qualidade do produto.

Existem vários tipos de apresentação de ração: Farelada, Peletizada, Laminada ou Extrusada.

Existem ainda as matérias-primas (aveia, milho, trigo, etc.) que muitos criadores/proprietários de animais oferecem misturado à ração balanceada. Ocorre que estas matérias-primas são, em geral, muito ricas em fósforo (a relação Ca:P pode ser de 1:3 quando o ideal é 1,8:1) o que leva a um desbalanceamento na relação cálcio/fósforo sangüíneo levando a graves problemas como a cara inchada.

Quanto às apresentações de rações industrializadas, não devemos nos preocupar com a aparência do produto (peletizada, laminada ou extrusada), mas principalmente com os níveis de garantia destes produtos.

Tecnicamente falando, um produto extrusado é superior a este mesmo produto laminado e este mesmo produto peletizado. Isto não quer dizer que qualquer produto extrusado é superior a outros, nem que toda ração laminada é superior às peletizadas, mas sim o que determina a superioridade de um produto em relação ao outro são os componentes que constituem esta ração.

O que mais importa na avaliação da qualidade de um produto são seus níveis de garantia, principalmente valores de qualidade de energia e proteína. A qualidade de sua energia também pode ser avaliada através do valor de seu extrato etéreo, que é o valor de gordura de uma ração, onde, se este valor for alto, a qualidade de sua energia, e também de sua proteína, deverão ser elevados.

Existem rações peletizadas no mercado que podem possuir qualidade energética e protéica muito superior às laminadas e extrusadas.

Devemos estabelecer realmente quais as necessidades do cavalo para podermos suprir de forma adequada e obtermos os melhores resultados de performance e também na saúde do animal.

A escolha da ração certa poderá fazer uma enorme diferença no resultado esperado em nossos animais.

Podemos dividir o manejo alimentar dos cavalos em 5 categorias básicas:

1.    Manutenção: Onde as necessidades básicas podem ser supridas simplesmente com volumoso, sal mineral e água. Porém, se formos alimentar nossos animais com feno, por exemplo, o custo tende a ser mais barato se suplementarmos com uma ração de manutenção, com cerca de 10 a 12% de proteína bruta e 2 a 3 % de extrato etéreo. As quantidades não devem ultrapassar 1% do peso vivo do animal, sendo suficiente, muitas vezes, 0,5 a 0,8%. Isto é, para um cavalo de 400 kg de peso, não ultrapassar 4 kg diárias, sendo suficiente 2 a 3 kg, sempre divididos em 2 a 3 refeições.

2.    Éguas em Reprodução: nesta fase, temos 2 sub-fases:

a.    Início da Gestação – 1º ao 8º mês: necessidades semelhantes às de manutenção, onde uma ração com 10 a 12% de proteína bruta e 2 a 3 % de extrato etéreo podem ser suficientes.

b.    Terço Final de Gestação (8º ao 11º mês) e Lactação: Necessidades muito elevadas em relação ao início. A ração já deve ter cerca de 15% de proteína bruta com 3 a 5% de extrato etéreo. A quantidade já deve ser no mínimo 0,9% do peso vivo, podendo chegar a 1,2% no início da lactação. Isto, para uma égua de 500 kg de peso vivo, um mínimo de 4,5 kg de ração eum máximo de 6 kg diários, sempre divididos em 2 a 3 refeições.

3.    Potros em Crescimento: Divididoem 3 fases:

a.    Potro em Lactação: Opotro começa a ingerir alimento sólido ainda ao pé da mãe, logo no primeiro mês de vida. Entretanto, ele se alimenta realmente só de leite até o 3º mês de idade. A partir desta fase, ele começa a se alimentar de volumoso e ração, aliado ao leite. Ainda ao pé da mãe, a alimentação sólida é apenas complementar ao leite, sendo suficiente 1% do peso vivo por dia (1 kg de ração para cada 100 kg de peso vivo), dividido em 2 refeições.

b.    Após o desmame até os 18 meses de idade: Deve-se utilizar uma ração apropriada para potros, com 17 a 19% de proteína bruta e 3 a 5% de extrato etéreo, nessa mesma proporção, 1% do peso vivo em ração, dividido em 2 refeições.

c.    Dos 18 aos 36 meses, deve-se oferecer uma ração com 15% de proteína bruta e 3 a 5% de extrato etéreo, mantendo-se a mesma proporção de 1% do peso vivo em ração, dividido em 2 refeições.

4.    Garanhões: Dividida em 02 fases:

a.    Garanhões em Manutenção: São as mesmas necessidades de um outro animal em manutenção, onde as necessidades básicas podem ser supridas simplesmente com volumoso, sal mineral e água. Caso ofereça uma ração, esta pode ser com 10 a 12% de proteína bruta e 2 a 3% de extrato etéreo. A quantidade não deve ultrapassar 1% do peso vivo do animal, sendo suficiente, muitas vezes, 0,5 a 0,8%.

b.    Garanhão em Monta: Aquias necessidades são bem superiores, especialmente no que diz respeito à energia da ração. Pode-se utilizar uma ração com 10 a 12% de proteína bruta e 3 a 6% de extrato etéreo. As quantidades variam de 0,8 a 1,2% do peso vivo em ração, dependendo da intensidade da monta. Isto é, para um garanhão de 500 kg, em monta leve, podem ser suficientes 4 kg de ração, podendo chegar a 6 kg em monta intensa.

5.    Cavalos de Esporte: Nesta categoria as necessidades são essencialmente energéticas. Proteína de qualidade, mas não em quantidade. A ração pode ter de 11 a 12% de proteína bruta e o extrato etéreo pode chegar a 10%. Quanto maior o extrato etéreo, menor deverá ser a quantidade de ração oferecida (maior energia por kg de produto). As quantidades variam conforme a qualidade da ração e a intensidade do trabalho, de leve e muito intenso. Podem ser de 0,8 a 1,5% do peso vivo em ração.

Algumas dicas fundamentais:

Para cada categoria animal, necessidades diferentes, qualidade e quantidades diferentes de complementos.

Não dê importância excessiva à quantidade de alimento, mas sim à sua qualidade.

Adote o princípio: “Mínimo necessário, não máximo obrigatório”.

Menores quantidades de alimentos por refeição, têm aproveitamento mais eficiente. Evite ultrapassar a oferta de 2 kg de ração por refeição para um cavalo de 500 kg.

Os excessos podem ser tão ou mais prejudiciais que as deficiências.

Devemos sempre levar em consideração as variações individuais de cada animal, tais como, raça, digestibilidade individual e temperamento.

Toda alteração alimentar, de grãos ou concentrados, deve ser lenta e gradual, mínimo de 3 semanas.

Mais de 90% das cólicas em cavalos são causadas por um mau manejo alimentar, que o homem impõe ao animal.

O volumoso deve ser no mínimo, 50% da dieta do animal. Quanto maior o consumo energético do animal, maior a necessidade de se complementar com grãos.

Mantenha sempre água fresca e limpa e sal mineral específico à disposição, qualquer que seja a categoria animal.


André Galvão Cintra
MV, Prof. Esp.
Presidente ABCC Bretão
andre@vongold.com.br
www.vongold.com.br

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